08.03.2017 - 17:32h
Projeto de professoras da Rede Municipal será apresentado em colóquio internacional
Você já se colocou no lugar de outra pessoa? Já tentou vivenciar situações comuns para cadeirantes, deficientes visuais, obesos, negros? Os alunos da turma de 03 e 04 anos do Núcleo de Educação Infantil Odácia Tereza Damázio tiveram esse desafio no ano passado. Através do projeto “E se eu fosse você” criado pelas professoras Sandra Eliane Runke Santos e Suélen Mateus Albini da Silva, eles foram estimulados a se colocar no lugar de outra pessoa e assim aprender sobre diversidade e respeito ao próximo. A experiência de sucesso será apresentada no III Colóquio Franco-Latinoamericano de Pesquisa sobre Deficiência, de 09 a 11 de março, em Porto Alegre.
O projeto “E se eu fosse você” começou após conversas com algumas mães. Uma delas relatou que o filho não estava querendo se fantasiar para uma festa no núcleo, porque os amiguinhos poderiam rir dele. Outra contou que a filha tinha um certo deslumbramento com padrões de beleza das modelos. “Ficamos preocupadas e observamos que apesar deles serem pequenos, eles já faziam algumas brincadeiras com relação ao estado físico, cor ou tipo de cabelo” conta a professora Suélen. A partir daí elas arrumaram a sala de aula com várias fotos de pessoas com características físicas bem diferentes. “Quando eles entraram na sala e viram aquelas figuras, logo se aproximavam das que se identificavam. Um deles, que tinha lábio leporino, tentou proteger um bebê em uma foto que também tinha essa condição. Aí começamos a trabalhar com a questão da diversidade com eles” disse a professora Sandra.
Durante todo o semestre as professoras realizaram diversas atividades que faziam os alunos vivenciarem experiências, se colocando no lugar de outras pessoas, como as pessoas com deficiência física, visual, o gordo e o magro e as questões raciais. “Vendamos os olhos deles, e com o auxílio de um coleguinha eles andaram ao redor do Núcleo caminhando pelas calçadas adaptadas, para ver como os cegos se locomoviam. Para ilustrar o magro e o gordo confeccionamos dois bonecos com essas características que eles levavam para casa no fim de semana” relatou Sandra. “Visitamos também a comunidade Quilombola para tratar sobre a questão racial, e lá vivia um senhor que não tinha as duas penas, o que foi outro aprendizado para as crianças. Fomos em um espaço que oferece equoterapia para crianças com algum tipo de deficiência, depois confeccionamos cavalinhos com cabos de vassoura que as crianças andaram por diversas semanas aqui no Núcleo”, contou Suélen.
As crianças também aprenderam sobre Braile e Libras, conheceram um projeto de cão-guia e vivenciaram em sala de aula e fora dela diversas situações. Se colocando no lugar dos outros eles aprenderam a respeitar. Hoje, a maioria desses alunos já está em outra turma, mas todos ainda se lembram dos ensinamentos do projeto.
O projeto das professoras foi selecionado para ser apresentado no III Colóquio Franco-Latinoamericano de Pesquisa sobre Deficiência, que ocorre de 09 a 11 de março, em Porto Alegre. O tema central nesta edição será Igualdade e Dignidade. Acredita-se que ainda é presente a ideia da deficiência, da incapacidade, fazendo-se necessário a constante atualização das políticas públicas como meio de conscientização de que esta noção é equivocada, pois decorre de uma construção social, muito mais do que da realidade quando se apresenta algum tipo de deficiência. Ao investir no debate desta temática, com ênfase na troca de vivências e estudos, é mantido o reforço para o desenvolvimento para sustentar e ampliar políticas de inclusão de pessoas com deficiência, acessibilidade (desenho universal) e, consequentemente, responsabilidade social, cidadania e dignidade.
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