12.12.2016 - 16:49h
Vencedores do Festival da Canção Infantojuvenil, na categoria autoral, planejam continuar na música
Um deles nunca tinha cantado em público, é bem tímido e escreve poesias. O outro, já participava de batalhas de rap, mas, não menos tímido, fugia de apresentações na frente de conhecidos. Juntos, os dois estudantes do 2º ano da Escola Estadual Maria da Glória Pereira, Roberto Leonam Santos do Rosário e Felipe Fagundes, acompanhados do colega do 3º, Edinan Barbosa, ganharam o Festival da Canção Infantojuvenil, no último dia 2, na categoria autoral.
Eles apresentaram no palco do Teatro Bruno Nitz, em Balneário Camboriú, a música “180”, sobre violência doméstica. O sucesso foi tanto que o trio, formado poucas semanas antes do evento e ainda sem nome, pretende continuar junto. Os primeiros versos de “180” surgiram quando Roberto, 17 anos, fez um poema sobre violência contra a mulher. O tema seria trabalhado pela turma 204, em um projeto sobre cultura e diversidade. A professora de Português e regente da turma, Eliane Nunes dos Santos, foi a grande incentivadora dos meninos.
“Quando li o poema, vi que era letra de música”, relata a professora. De imediato e surpreendendo Eliane, o tímido Roberto se propôs a cantar a poesia. A professora logo pensou na formação de uma banda. No outro canto da sala, estava Felipe, 17. No início, Felipe pensou ser incapaz de cantar aquela composição, afinal, a especialidade dele era rap. Mas, superando-se, continuou a letra e fez estrofes em rap. Como nenhum deles toca instrumentos, convidaram Edinan, que, com seu violão, fez a melodia. Faltava ainda vencer outro obstáculo: mostrar o resultado à escola. Envergonhado, Felipe sugeriu gravar um vídeo e exibi-lo na escola. E assim, enquanto eles cantavam na gravação, apareciam imagens, encontradas na Internet, de mulheres agredidas.
A professora adorou a música e os convenceu a ir além do trabalho escolar. Ela os desafiou a inscrever a música no Festival da Canção Infantojuvenil. Nos dias em que se apresentaram, tiveram de cantar ao vivo, não havia outra alternativa. “Foi a primeira vez que cantei em público, estava bem nervoso. Achei que eu nem conseguiria cantar direito. Eu nem imaginava que a gente ia ganhar, nem acredito ainda”, conta o baiano Roberto, morador de Balneário Camboriú há três anos. Foi no seu estado de origem que conheceu os primeiros casos de violência doméstica. Felipe deu o nome “180” à canção, uma referência ao Ligue 180, o qual recebe denúncias de violência contra a mulher. O contato dele com o tema não é só por meio de internet e veículos de comunicação. “Moro num bairro em que ocorrem muitos casos de agressão às mulheres”, diz o adolescente.
Felipe também teve de vencer a timidez para cantar para um público tão grande. “Participo de batalha de rap, mas em um teatro nunca cantei. Até a última hora, no
camarim, eu não queria cantar”, revelou. Durante a premiação, agradecidos ao incentivo e à persistência de Eliane, o trio deu o troféu a ela. “No início, era só um trabalho da escola. Eles ganharam em autoestima, autoconfiança, surpreenderam-se com eles mesmos. São um exemplo de que podemos mais do que pensamos”, ressalta Eliane.
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Texto: Silvana de Castro (jornalista)
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