16.02.2016 - 13:58h
FCBC aprova o primeiro projeto de Cultura Alimentar por meio da LIC
É da nutricionista Michele Casagrande, 25 anos, o primeiro projeto apresentado na área da Cultura Alimentar, via edital 2015 da Lei Municipal de Incentivo e Fomento à Cultura de Balneário Camboriú (LIC). Graduada em Nutrição pela Universidade do Sul Catarinense (Unisul) e pós-graduada em Saúde da Família pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a catarinense de Concórdia é cidadã local há dois anos.
Além do atendimento clínico em seu consultório particular em Balneário Camboriú, é Observadora Técnica do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Comsean/BC), também é responsável pela alimentação escolar do município de Penha, via secretaria da educação daquela cidade.
A cultura alimentar faz parte do Sistema Municipal de Cultura de Balneário Camboriú desde 2015, embora a Câmara Setorial específica desta área tenha sido constituída em 2014 como fórum permanente de debate. De acordo com o presidente da Fundação Cultural de Balneário Camboriú (FCBC), Anderson Beluzzo, a setorial de cultura alimentar, articulada com o Comsean, vem tratando o alimento como bem cultural. “Nesse sentido, estes dois organismos estão concebendo estratégias, por meio da política do patrimônio cultural, com ações de identificação, registro e salvaguarda de alimentos, saberes e sabores que expressem nossa cultura alimentar. Essa iniciativa levou à aprovação da percepção do alimento como bem cultural na Conferência Nacional de Cultura Alimentar em 2015”, explica Beluzzo.
Em entrevista concedida à FCBC, Michele fala do seu projeto, das fases para o seu desenvolvimento e da relevância para a sociedade. Confira.
Fundação Cultural de Balneário Camboriú – O seu foi o único projeto aprovado na área da Cultura Alimentar nesta edição da Lei de Incentivo à Cultura de Balneário Camboriú. Qual é o objeto desta proposta?
Michele Casagrande – O objeto é a Cultura Alimentar Tradicional de Balneário Camboriú. O objetivo é realizar a identificação desta cultura alimentar e posteriormente divulgá-la.
FCBC – Como você pretende desenvolver as fases do seu projeto?
MC – O projeto contará com a importante participação de Nairo Adão Peixoto Ribeiro, que atualmente é o presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de Balneário Camboriú (COMSEAN-BC). O senhor Nairo é um grande conhecedor das questões referentes à alimentação em nosso município e é um defensor da valorização do alimento como patrimônio cultural.
A primeira parte do projeto, no primeiro semestre deste ano, será a pesquisa sobre a cultura alimentar tradicional do município. Faremos estudos em fontes de dados secundárias, mas principalmente direto na fonte, ou seja, visitaremos as comunidades tradicionais de Balneário Camboriú para fazer o levantamento de informações.
A segunda fase do projeto é a elaboração e a exposição do equipamento de difusão cultural que chamamos de a "Tenda da Cultura Alimentar". A "Tenda" não se constitui de um espeço físico, mas sim um equipamento que contará com exposição de informações e atividades interativas sobre o tema.
A Tenda da Cultura Alimentar será exposta em diversos eventos da Fundação Cultural de Balneário Camboriú no segundo semestre de 2016.
FCBC – De que forma você qualifica a relevância deste projeto para a comunidade local?
MC – A alimentação é essencial para a vida, porém podemos vê-la por vários aspectos: nutricional, comercial e um dos que eu mais gosto, o cultural. A cultura alimentar representa muito de um povo, ou mesmo de uma pessoa. Quando falamos sobre o alimento e o ato de se alimentar falamos também sobre sentimentos, emoções, cores, cheiros, gostos, prazer, momentos de confraternização e muito mais. Isso tudo faz parte da cultura alimentar. O projeto dará visibilidade para o alimento que é daqui, das comunidades tradicionais. Valorizar a cultura alimentar destas comunidades é valorizar um aspecto fundamental da vida dessas pessoas.
FCBC – Qual será a sua contrapartida sociocultural?
MC – A contrapartida será uma atividade junto às comunidades tradicionais que participarão da pesquisa. Vamos apresentar o resultado final da pesquisa e fazer um momento de discussão e reflexão sobre Cultura Alimentar.
FCBC – Fale um pouco sobre ter o seu projeto aprovado nesta área? A responsabilidade aumenta por você ser nutricionista?
MC – Fiquei muito feliz pelo fato de um Edital de Incentivo à Cultura abranger a área da cultura alimentar. Ainda é muito nova a discussão sobre cultura alimentar e alimento como patrimônio cultural. Mesmo que todos concordemos que o alimento faz parte da nossa cultura, vivemos um momento de muitas controvérsias na área da alimentação e nutrição. A nutrição tem ganhado muito espaço na mídia e na vida das pessoas, mas muitas vezes com alimentos e dietas da moda, com apelo do aspecto nutritivo e saudável para vender determinados alimentos ou produtos alimentícios, com recomendações de grandes restrições alimentares.
A cada dia aparecem novos alimentos, produtos alimentícios e suplementos alimentares, novas recomendações e dietas da moda. Isso tudo pode nos distanciar da nossa cultura alimentar tradicional e muitas vezes coloca em dúvida se os alimentos que eram tradicionalmente consumidos são "bons", saudáveis e se ainda "podem ser consumidos".
Eu acredito no alimento como patrimônio cultural e no ato de se alimentar como um momento de prazer, de boas lembranças, de união entre as pessoas, de saúde e bem-estar. Para mim, o fato de ser nutricionista não muda o tamanho da minha responsabilidade, pois penso que a cultura alimentar tem tantos atores que o nutricionista deve ser um coadjuvante, aquele que vem para estudar, entender e valorizar o que há de bom.
Mais informações
Michele Casagrande – (47) 9708.2854
Anderson Beluzzo – (47) 9238.9407
Prefeitura de Balneário Camboriú
Fundação Cultural de Balneário Camboriú
Assessoria de Imprensa
Texto: Vânia de Campos (jornalista)
(47) 3366.5325, das 13h às 19h
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