29.07.2015 - 11:27h
Superação leva atleta de BC ao Parapan em Toronto
Superar limites. Esse é o desafio diário de Suelen Marcheski, paratleta de Balneário Camboriú que vence suas próprias barreiras e carrega na bagagem inúmeras alegrias. Entre elas, sua mais recente conquista: a convocação para a Seleção Brasileira principal de atletismo dos Jogos Parapan-Americanos 2015, que acontecem entre os dias 7 e 15 de agosto, em Toronto, no Canadá.
A paratleta de Balneário Camboriú (SC) tem paralisia cerebral no lado esquerdo, consequência de uma meningite contraída ainda bebê, a qual lhe rendeu dificuldades para caminhar. Aos três meses, diagnosticada com hidrocefalia (acúmulo de líquido nos ventrículos), ela precisou passar por uma cirurgia e colocar duas válvulas no cérebro, fato que deixou a família da menina muito assustada. Aos 13 anos e sem grandes perspectivas, Suelen iniciou na escolinha de atletismo adaptada oferecida pela Fundação Municipal de Esportes (FMEBC) em parceria com a Associação de Apoio às Famílias de Deficientes Físicos (AFADEFI), como uma forma de ocupar o tempo livre em sua rotina, a qual se resumia em ir para escola e voltar para casa. Hoje, aos 17 anos, a paratleta mostra que nenhum obstáculo foi maior do que a vontade de vencer. Há três anos ela é líder do ranking brasileiro adulto nas provas de velocidade de 100m, 200m e 400m rasos, na classe T37.
O começo no atletismo
Tudo começou com o conselho de uma vizinha da família de Suelen, a qual disse para sua mãe, Marlene Jaques, que levasse a menina para a AFADEFI, em Balneário Camboriú, para incentivá-la a praticar algum esporte. Nessa época, Suelen e seus pais estavam passando por algumas dificuldades e tinham decidido voltar para Ijuí (RS), sua cidade natal. Marlene conta que mesmo assim seguiu o conselho da amiga e passou a levar a filha aos treinos. “Eu, na verdade, nem conhecia o trabalho da Afadefi, nem o paradesporto. De início a gente colocou ela no esporte só para ter alguma distração, tirar ela um pouco de casa. Nunca levamos muito a sério a possibilidade de ela virar uma atleta, realmente”, explica.
Mesmo com as malas prontas para voltar a Ijuí, Suelen participou de sua primeira competição, nos Jogos Escolares Paradesportivos de Santa Catarina (Parajesc), em São Miguel do Oeste, e foi surpreendida pelo resultado. “Aconteceu um imprevisto e eu fiquei com o primeiro lugar na minha primeira competição, aí não teve jeito”, conta Suelen aos risos. Ao voltar de viagem, Marlene, que havia acompanhado a filha no campeonato, disse ao marido, Diogo Jaques, que precisavam repensar a decisão de voltarem para Ijuí, pois sabia que lá, Suelen poderia não ter a possibilidade de desenvolver o talento que estava despontando. Foi então que a família resolveu ficar de vez em Balneário Camboriú e investir na carreira da filha.
Quando começou a treinar, Suelen mal sabia a trajetória que percorreria e as conquistas que teria. São várias medalhas e lugares ao redor do mundo para onde a atleta viajou em competição. Ela guarda no currículo passagem pelos Jogos Parasul-Americanos, no Chile; Meeting, em Paris; Circuito Brasil Caixa Loterias de Atletismo; Mundial de Juniores, em Porto Rico; Jogos Parapan-Americanos de Jovens, em Buenos Aires, e inúmeros outros. No dia 2 de junho deste ano veio mais uma surpresa. Suelen foi convidada para integrar a Seleção Brasileira principal de atletismo, que representará o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos.
Desde que Suelen se firmou no Atletismo, Marlene percebe uma grande diferença na filha. “A primeira coisa que ela conquistou foi independência, antes eu andava com ela em tudo quanto é lugar, hoje ela viaja para todas as competições apenas com a delegação da seleção, anda na rua sozinha, consegue fazer as coisas dela pelo próprio esforço, fora a coordenação motora dela que melhorou muito”, ressalta.
O técnico de Suelen, João Francisco Nunes, que trabalha há 41 anos com atletismo e cinco com o paradesporto, conta como deve acontecer a evolução de um paratleta. “Tudo deve se suceder naturalmente, sem forçar, nós não podemos queimar etapas. É claro que a gente treina o esportista para ganhar, mas se não der, não tem problema. É importante trabalhar isso com o atleta porque nem sempre vai dar certo”, explica.
Atualmente, Suelen treina três vezes por semana; quando está em época de competição ela vai para a pista todos os dias. “As pessoas acham que é só chegar e correr, mas não é não, a gente se prepara muito. Tem que ter força de vontade para acordar em dia de chuva e ir treinar, com a pista molhada, com frio. Não é fácil, mas eu gosto do que eu faço”, justifica.
Com a convocação para o Parapan-Americano, Suelen não disfarça a felicidade. “Tô muito animada e confiante, consigo encarar com bastante facilidade esses desafios. Agora vou treinar muito também para realizar meu grande sonho, que é participar das Olimpíadas do Rio, em 2016”, conta. Para o futuro ela afirma não se imaginar fazendo outra coisa. “Eu quero muito continuar no atletismo, estudar e treinar para me tornar uma atleta profissional”.
Mesmo com todas as dificuldades por quais passou, e ainda passa, a menina de apenas 17 anos lutou contra cada uma para superá-las. Para a mãe, ela é só orgulho. “Ah, ela é muito esforçada, não tem como descrever. Ela me tira o chão de tanta alegria”, finaliza emocionada.
Prefeitura de Balneário Camboriú
Fundação Municipal de Esportes - FMEBC
Texto: Natalia Rocha (estagiaria)Fotos: Bruna Horvath
Assessoria de Comunicação: (47) 3360-0444
www.fmebc.sc.gov.br
facebook.com/esportebc
www.balneariocamboriu.sc.gov.br
facebook.com/prefeituradebalneariocamboriu
